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Menos Ansiedade, Mais Esperança: Jesus, o Remédio Surpreendente da Escatologia Bíblica

Esperança em Jesus na Escatologia Bíblica

Muitos de nós sentimos ansiedade generalizada. Notícias de guerras, crises econômicas e desastres ambientais provocam medos pessoais sobre o futuro. O feed de notícias te deixa sem fôlego? A incerteza do amanhã pesa sobre seus ombros?

Neste contexto, a ansiedade consiste em um foco excessivo em um futuro que não podemos controlar. 

Em minha jornada de fé, percebi que, curiosamente, para muitos, a palavra “escatologia” (ou “estudo do fim dos tempos”) geralmente causa mais medo, sendo associada a desastres, anticristo e tribulação.

E se a verdadeira mensagem por trás da escatologia bíblica não for sobre medo, mas sobre a âncora mais firme que podemos ter contra a ansiedade? E se, ao invés de um roteiro de pânico, ela for uma garantia de paz? 

A resposta está em compreender que a escatologia bíblica não é sobre eventos caóticos, mas sobre Jesus Cristo, sua obra consumada e como temos parte nesta história.


1. O Primeiro Remédio: Cristo no Centro da História (O Fim do Medo do Descontrole)


A escatologia bíblica é, antes de tudo, uma doutrina cristocêntrica. Desde os primeiros capítulos de Gênesis, a Bíblia revela que o plano de Deus para a humanidade é redentivo e centrado em Cristo. Quando Adão e Eva pecaram, foram cobertos com roupas de pele. Para isso, um cordeiro teve que ser morto — um ato simbólico de justificação que aponta para o sacrifício de Jesus (Gn 3.21).

Isso significa que o fim da história não é uma reação divina ao caos, mas a culminação de um plano soberano estabelecido desde o princípio. 

Conforme observam Alexander e Rosner (2009, p. 728), “a escatologia bíblica começa e termina com Cristo porque todos os propósitos de Deus estão concentrados nele”. Os “últimos dias”, portanto, não são apenas um evento futuro, mas uma realidade que já começou com a vinda de Jesus (Hb 1.1-4). 

Mas quem é Jesus? Para ter certeza da centralidade de Cristo em toda a história, precisamos responder essa pergunta com base nas palavras de Jesus: 

“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para levar boas-novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano do favor do Senhor” (Lucas 4.18,19 NVI). 

O Espírito do Senhor está sobre mim… Como essa profecia de Isaías aplicou-se a Jesus?

Jesus é Deus manifestado em carne — “Aquele que foi manifesto em corpo” (1 Timóteo  3.16 NVI), possuidor de duas naturezas, 100% Deus e 100% homem, ou seja, homem com toda a plenitude da divindade habitando em seu corpo (Colossenses 2.9). 

Como homem genuíno, afirmou que o Espírito do Senhor estava sobre Ele. De que maneira? Sua divindade estava sobre Ele. O principado estava sobre seus ombros, e Seu Nome foi profetizado como “… Deus Poderoso, Pai Eterno…” (Isaías 9.6 NVI). 

Com Seu poder divino, Jesus anunciou as Boas-novas de paz e esperança. Não precisamos temer e nem perder a esperança. O Deus Poderoso, o Pai Eterno é nossa garantia de paz.

Essa verdade é o primeiro antídoto contra a ansiedade: o trono nas regiões celestiais, acima de todo o universo, não está vazio. A história não está à deriva; ela está sendo conduzida por um Deus bom, cujos propósitos se cumprem em Cristo.


2. O Segundo Remédio: A Cruz como Clímax da Promessa (O Fim do Medo da Injustiça)


A promessa de que a “semente da mulher” esmagaria a cabeça da serpente (Gn 3.15) se cumpriu de forma gloriosa na cruz. Ali, o juízo de Deus sobre o pecado foi executado. Como descrevem os evangelhos, as trevas ao meio-dia e o clamor de abandono de Jesus revelam sua total identificação com a humanidade alienada de Deus (Mc 15.33-34). 

Nossa esperança não se perdeu na morte de Jesus. Fomos muito bem representados. Nas palavras de Keller (2012, p. 61), “Na cruz, no final de seu grande ato de redenção, Jesus disse: ‘Está consumado’ e, então, nós podemos descansar”.

A cruz foi, portanto, o ponto focal do plano escatológico de Deus. Nela, o mal e a injustiça que tanto nos angustiam receberam seu golpe mortal. Alexander e Rosner destacam essa dupla realidade:

Na ressurreição, toda a história desde a criação chegou ao seu clímax. Jesus é, de fato, o “Deus conosco” em seu poder salvador. “Ele é a incorporação dos propósitos escatológicos de Deus, prometidos pelos profetas e cumpridos na nova comunidade da aliança com a promessa da Torá nos corações”. (ALEXANDER; ROSNER, 2009, p. 730).

Esse é o segundo antídoto: a injustiça que vemos no mundo não terá a palavra final. Na cruz, a vitória foi conquistada, e um dia toda maldade será definitivamente julgada.


3. O Terceiro Remédio: A Ressurreição como Garantia da Esperança (O Fim do Medo do Fim)


No Antigo Testamento, os sacrifícios apontavam para um sacrifício superior e definitivo. Patriarcas e profetas aguardavam esse dia, e o próprio Jesus afirmou: “Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia; e viu-o, e alegrou-se” (Jo 8.56). Ao morrer e ressuscitar, Jesus cumpriu todas as promessas e ofereceu salvação eterna a todos que nele creem (Jo 5.24; 14.6).

O apóstolo Paulo explica que a ressurreição de Cristo é o pilar da nossa fé (1 Co 15). Porque Ele ressuscitou, temos a garantia de que a morte foi vencida e o futuro da humanidade redimida está assegurado. Em Cristo, o futuro escatológico já começou.

Contudo, vivemos na tensão entre o “já” e o “ainda não”. O Reino de Deus já foi inaugurado, mas sua plenitude ainda não se manifestou. Enfrentamos o pecado e a dor, mas aguardamos com confiança a ressurreição do corpo e a restauração de toda a criação, pois a escatologia bíblica termina com a vitória de Deus em Cristo (1 Co 15.28).

Esse é o terceiro antídoto: nosso sofrimento atual não é o fim da história. Um futuro de restauração completa está reservado, no qual, “de acordo com a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, onde habita a justiça” (2 Pe 3.13 NVI).


Aplicação Prática: Como Viver Essa Esperança Hoje?


Compreender essa teologia transforma nossa vida diária. Como LEWIS (p. 149) argumentaria, “a esperança não é (como algumas pessoas modernas pensam) uma forma de escapismo ou ilusão, mas uma atitude típica de um cristão”.

Aqui estão três práticas para combater a ansiedade com a esperança escatológica:

  1. Filtre as Notícias com Lentes Eternas: Ao consumir o noticiário, lembre-se conscientemente de que as manchetes de hoje não são o capítulo final da história. Isso diminui o poder que as más notícias têm sobre suas emoções e te ancora na soberania de Deus. As Escrituras afirmam: “Certamente o justo jamais será abalado; para sempre se lembrarão dele. Não temerá más notícias; o seu coração está firme, confiante no SENHOR” (Salmos 112:6-7 NVI). Alegre-se nas palavras de Jesus: Quando estas coisas começarem a acontecer, levantem‑se e ergam a cabeça, porque estará próxima a redenção de vocês (Lucas 21:28 NVI).

  2. Ore com Foco na Soberania: Além de pedir ajuda em suas orações, dedique tempo para declarar sua confiança no plano de Deus. Diga em voz alta: “Senhor, esta situação me causa ansiedade, mas eu escolho confiar que o Senhor está no controle e que Seus propósitos são bons”. Utilize a “técnica do papel amassado”: escreva em um pedaço de papel, os motivos de sua ansiedade e descontrole emocional, amasse-o e jogue-o no lixo, declarando em Nome de Jesus, a derrota de todo mal. Afinal, lugar de lixo é no lixo. E sua mente não é lixo, devendo ser preenchida com a esperança em Jesus Cristo.

  3. Pratique a Cidadania Celestial: A esperança futura nos impulsiona à ação presente. Se o futuro promete justiça e restauração, como você pode ser um pequeno agente de justiça e restauração hoje — em sua família, trabalho ou comunidade? 

Viver com propósito é um poderoso antídoto para a ansiedade. Estar com os pés no chão e conectados com o céu, nos fará mais produtivos, como bem observou LEWIS:

Os cristãos que fizeram mais pelo mundo presente foram justamente aqueles que mais pensaram no por vir. Os próprios apóstolos, que possibilitaram a conversão do Império Romano, os grandes homens que construíram a Idade Média, os protestantes ingleses que aboliram a escravidão, todos deixaram a sua marca na Terra justamente porque suas mentes estavam ocupadas com o Céu. (LEWIS, 2017, p. 149).


Conclusão: Menos Ansiedade, Mais Esperança


A escatologia bíblica não foi revelada para alimentar o medo, mas para sustentar a fé e fortalecer a esperança. Cristo é o centro da história, da promessa e do futuro. Seu sacrifício na cruz e sua vitória sobre a morte garantem que o melhor certamente virá.

Quando compreendemos que os propósitos de Deus são bons e que Ele já está operando sua vontade na história, a ansiedade cede lugar à esperança. Em vez de temer o amanhã, confiamos naquele que disse: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim” (Ap 22.13 NVI). 

Jesus é o remédio surpreendente da escatologia bíblica, que não apenas nos revela o fim, mas caminha conosco no presente, oferecendo redenção, propósito e vida eterna.

Deus te abençoe!


Referências

ALEXANDER, T. Desmond; ROSNER, Bryan S. Novo dicionário de teologia bíblica. Tradução: William Lane. São Paulo: Editora Vida, 2009. Compre na Amazon.

KELLER, Timothy. A cruz do Rei: a história do mundo na vida de Jesus. Tradução: Marisa K. A. de S. Lopes. São Paulo: Editora Vida Nova, 1ª ed. 2012. Compre na Amazon.

LEWIS, Clive Staples. Cristianismo puro e simples. Thomas Nelson Brasil, 2017. Compre na Amazon.

YouVersion. Bíblia Online. Nova Versão Internacional — Português (NVI). Disponível em: https://www.bible.com/pt/bible/ Acesso em 14 jul 25. 

Comentários

  1. Tenho um enorme orgulho de ser filha desse grande escritor que além disso, também é um excelente pai para mim e um excelente esposo para minha mãe Pollyana. Te amo papai; espero ver mais Blogs seus.
    Assinado: Debora Hadassa [coração do papai].

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