Cultura ou Religião na Escola?
O Dilema para Pais Cristãos e o Ensino de Matrizes Africanas
No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as ciladas do adversário espiritual. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes. Estei, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça. E calçados os pés na preparação do evangelho da paz. Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno. Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, a qual é a palavra de Deus. Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos.
Efésios 6.10-18
Introdução
Ao buscar escrever uma mensagem devocional mais leve, sou confrontado pela urgência de batalhar pela fé e trazer esta mesma exortação aos meus irmãos, assim como fez o servo de Jesus Cristo, irmão de Tiago: “Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” (Judas 1.3).
O Conflito Espiritual no Contexto Brasileiro
Na carta aos irmãos de Éfeso, Paulo fala a respeito do conflito no qual o cristão está inserido. Devido ao ambiente espiritual hostil onde viviam, Paulo os instrui sobre como vencer os adversários espirituais invisíveis.
Semelhantemente, nós cristãos, somos chamados a batalhar contra as trevas e implantar o Reino de Deus. Para vencermos, precisamos ser fortalecidos com o poder de Deus (6.10) e nos revestir de toda a armadura espiritual (6.11-18).
O contexto brasileiro, em sua realidade espiritual, também nos coloca em uma luta contra as forças espirituais das trevas. As trevas representam a cegueira espiritual no entendimento dos incrédulos. Ao se recusarem a aceitar a verdade, conferem abertura a uma cosmovisão que não é a de Cristo: “O deus desta era cegou o entendimento dos descrentes, para não verem a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus” (2 Coríntios 4.4 – Bíblia Online). Portanto, “tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes” (6.13).
O irmão Tiago exorta: “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós” (Tiago 4.7,8). A armadura completa inclui: o cinto da verdade, a couraça da justiça, o capacete da salvação, a preparação sandália do evangelho da paz, o escudo da fé. Kaiser (2011, p. 317) observou não haver proteção alguma para as costas por ser impensável recuar. Armas ofensivas incluem: a espada do Espírito, com toda oração e súplica (Coelho, p. 372).
O Ensino de Cultura ou a Introdução de Crenças?
E por falar de oração... A oração do Pai-Nosso, em muitas escolas, preterida em nome da celebração da diversidade e do combate à intolerância. Frequentemente, a Bíblia vista como religião e sua menção pode ofender, por exemplo, um aluno ateu. No entanto, o que observamos é uma sutil introdução de conteúdo de matriz religiosa sob o título de cultura, história e folclore. Neste ponto que a cautela necessária.
É crucial que os pais estejam atentos, pois muitos filhos de cristãos têm abandonado a fé, seduzidos por ensinos que conflitam diretamente com a sua cosmovisão bíblica. Por exemplo, a análise de materiais didáticos utilizados no 5º ano mostra:
Trinconi (2021, pp. 51-55) apresenta aos alunos do 5º ano uma resenha de Bruno Molinero que, em sua trajetória como jornalista e autor infantojuvenil, demonstra interesse em histórias ancestrais e culturas, incluindo livros infantis guiados por orixás e pelas raízes africanas do Brasil. Orixás são entidades religiosas de matriz africana, e sua inclusão no conteúdo feita sob o prisma da cultura.
Martinez, et al. (2021, p. 156-162) aponta os griôs como contadores de histórias, utilizando a tradição oral para transmitir saberes acumulados ao longo do tempo (p.156). O texto proposto, categorizado como Ciências Humanas, Geografia e História, destaca que “Os Mestres Griôs são os pais e mães de santo, erveiros, curandeiros” (p. 162). Inegável que a descrição de pais/mães de santo, ervheiros e curandeiros remete diretamente às religiões afro-brasileiras e ao sincretismo religioso. Este conteúdo, ainda que sob a chancela de cultura e história, pode constituir uma apresentação de elementos religiosos em ambiente escolar, levantando um conflito de consciência para famílias de fé distinta.
Quem são os pais e mães de santo? Figuras de destaque em religiões afro-brasileiras, como o Candomblé e a Umbanda, consideradas espiritualmente elevadas e guias para seus filhos de santo (iQuilíbrio, Terra, JC). Quem são os ervheiros e curandeiros? O site Global Voices os descreve como “médicos do povo”, um elemento da cultura popular e do sincretismo religioso brasileiro, atuando com ervas, gestos, preces e palavras de conforto.
A Carta à Escola e o Confronto Legal
Diante dessa realidade, os pais cristãos, que não se furtam à responsabilidade de lutar pela fé, devem se manifestar. Foi o que fiz ao enviar uma carta ao colégio da minha filha (11 de março de 2024):
Diretoria da Escola
Prezado(a) Diretor(a),
Escrevo-lhe esta carta como responsável legal pela aluna Débora Hadassa, matriculada no 5º ano, neste estabelecimento de ensino. Gostaria de expressar minha preocupação em relação ao conteúdo curricular, bem como suas representações na escola.
É fato que o ensino afro-brasileiro nas escolas no Brasil está intrinsecamente ligado a elementos da religião africana e ao sincretismo religioso, devido profunda influência dessas tradições sobre a cultura, a história e as artes do país. As histórias de bruxas e assombrações, presentes nos livros didáticos, têm origens diversas e muitas vezes estão ligadas a aspectos culturais, folclóricos e religiosos de diferentes sociedades ao redor do mundo.
Reconhecendo que o Brasil é uma nação multicultural e laica, onde a Constituição Federal de 1988 garante o respeito à liberdade de crença e culto de cada indivíduo, apresento o seguinte:
Devido às convicções religiosas da família da aluna Débora, baseadas em princípios cristãos protestantes, manifestamos objeção em relação ao ensino de conteúdos que envolvam crenças e práticas religiosas diversas das nossas, tais como histórias de bruxas e assombrações, e o ensino afro-brasileiro quando o mesmo apresenta, como conteúdo de estudo, elementos de religiões de matriz africana.
Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 9.394/1996), assegurado aos pais ou responsáveis o direito de garantir a educação religiosa de seus filhos de acordo com suas convicções. Portanto, solicito que a escola, em respeito a essa prerrogativa legal e aos princípios de tolerância e respeito à diversidade religiosa, considere a possibilidade de isentar a aluna Débora das aulas ou atividades que envolvam tais conteúdos de cunho religioso.
Estou à disposição para discutir alternativas que possam conciliar os objetivos educacionais da escola com as convicções religiosas da família, buscando sempre promover um ambiente de respeito mútuo e inclusão.
Agradeço antecipadamente pela atenção dispensada a esta solicitação e espero que possamos encontrar uma solução que atenda às necessidades da aluna Débora e respeite suas convicções religiosas.
Chamado à Coordenação do Colégio
Fui chamado pela direção do colégio. A coordenadora, respeitosamente, demonstrou que as escolas estão sob a égide da Lei n. 10.639/2003, alterada pela Lei n. 11.645/2008, que torna obrigatório o ensino da temática História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena no currículo oficial. Ela argumentou que, estando debaixo da lei, não pode isentar minha filha dos ensinos propostos no currículo e o conhecimento da diversidade cultural combate a intolerância.
Intolerância? Respondi à direção do colégio que não me considero intolerante. Convivo com pessoas de diversas religiões e meu objetivo único é preservar a consciência e as convicções da minha filha, isentando-a de um ensino que, em nossa percepção, extrapola os limites da cultura e história, adentrando a apresentação de crenças e práticas religiosas. Como família cristã protestante, nossa posição de não compactuar com ensinos que contrariem a fé que professamos, baseados na orientação de Jesus Cristo: “Ninguém pode servir a dois senhores, pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro” (Mateus 6.24 – NVI). Nossa decisão é servir unicamente ao Senhor Jesus Cristo.
Fui informado de que essa decisão inevitavelmente causará interferência nas notas e na média final, pois seria impossível atribuir nota a um trabalho não realizado. Reconheci o resultado, baseando-me em minha própria experiência estudantil, onde as notas de outros trabalhos puderam suprir as lacunas.
Conclusão e Alerta
Se os pais cristãos não se despertarem para a natureza dos conteúdos pedagógicos, poderão perder seus filhos para uma visão de mundo que se opõe à fé bíblica. Servir ao Senhor Jesus não significa ausência de conhecimento, mas sim um discernimento aguçado, pois temos a mente de Cristo (1 Coríntios 2.16). Cabe a você, amigo cristão e irmão de fé, buscar entender quem elabora e sanciona as políticas educacionais, exercendo seu voto com discernimento. Há uma esperança para você e sua família! Invoque o Nome do Senhor Jesus Cristo! Tome toda a armadura de Deus e seja vencedor na defesa, no ataque e no suprimento!
Referências
- Bíblia Sagrada. Almeida Corrigida Fiel.
- Coelho, André. Redescobrindo sua Bíblia. André Coelho. 3ª ed. revista e expandida. - Santo André: Geográfica, 2015. 496p.
- Kaiser, Walter C., Jr. O plano da promessa de Deus: teologia bíblica do Antigo e Novo Testamentos. Walter C. Kaiser Jr. tradução Gordon Chown, A. G. Mendes. -- São Paulo: Vida Nova, 2011. 520p.
- Martinez, Rogério. Pitangá Mais: ciências humanas. Rogério Martinez et al.. -- ed. -- São Paulo: Moderna, 2021. Outros autores: Wanessa Garcia, Adriana Machado Dias, Maria Eugênia Bellusci. 5º ano ensino fundamental. ISBN 978-65-5816-248-3.
- Triconi, Ana. Ápis Mais: Língua Portuguesa 5º ano. Ana Triconi, Terezinha Bertin, Vera Marchezi. -- São Paulo: Editora Ática S.A., 2021. ISBN 978-65-5767-108-5. Livro do estudante.
- Sites consultados:
- Bíblia Online. 2 Coríntios 4:4.
- ERA OUTRA VEZ. eraoutravez.blogfolha.uol.com.br[1].
https://www1.folha.uol.com.br/folhinha/2023/02/blog-era-outra-vez-volta-a-publicar-novidades-e-resenhas-da-literatura-infantojuvenil.shtml[2]
https://www1.folha.uol.com.br/blogs/era-outra-vez/2024/03/conheca-livros-infantis-guiados-por-orixas-e-pelas-raizes-africanas-do-brasil.shtml[3] - iQuilíbrio. Pai de Santo e Mãe de Santo - O Candomblé e Umbanda. Acesso em 17/03/2024.
- Terra. O que ser mãe ou pai de santo? Acesso em 17/03/2024.
- Global Voices. Brasil: Benzedeiras e curandeiros. Acesso em 17/03/2024.
