Contra o Abuso Sexual em Crianças e Adolescentes


 

Imagem de Tri Le por Pixabay

Jesus disse: "Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o Reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas" (Mateus 19.14). 

Introdução

A exploração sexual de menores é uma realidade angustiante que vemos frequentemente nas notícias. Recentemente, uma imagem capturada por uma câmera de segurança residencial chamou minha atenção: uma adolescente caminhava sozinha à noite, em uma rua escura próxima a um matagal. Imediatamente, me perguntei: o que essa adolescente está fazendo sozinha nesse local e horário? Onde estão os pais? Infelizmente, cenas como essa são mais comuns do que gostaríamos de admitir.

1. Dados sobre a Exploração Sexual de Menores

A exploração sexual de crianças e adolescentes é um problema alarmante em muitas partes do mundo. Estatísticas revelam que milhares de menores são vítimas dessa terrível violação de direitos todos os anos. É fundamental entender a gravidade do problema para podermos combatê-lo efetivamente.

Dados globais e nacionais

Exploração sexual infantil no mundo: Segundo a UNICEF, a exploração sexual infantil é um problema global que afeta milhões de crianças. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) também fornece dados sobre a exploração sexual de crianças, destacando que milhões de crianças são vítimas dessa prática.
Exploração sexual infantil no Brasil: O Disque 100 é uma importante ferramenta de denúncia no Brasil. Em 2023, foram registradas mais de 17 mil denúncias de violência sexual contra menores. O UNICEF Brasil e o Ministério da Saúde publicam relatórios e boletins com dados detalhados sobre esses casos.

O que Podemos Fazer diante dessas Situações?

A prevenção é a chave para proteger nossas crianças e adolescentes da exploração sexual. Existem várias ações que pais, educadores e a comunidade podem tomar para reduzir os riscos.

2. Como Ajudar Seus Filhos

a) Sendo Pais e Mães Presentes

A presença ativa dos pais na vida dos filhos é fundamental. Conhecer os amigos, saber onde e com quem estão, e participar ativamente das atividades diárias dos filhos pode reduzir significativamente os riscos.

b) Ensinando Estratégias para sua Ausência

Nem sempre é possível estar fisicamente presente; por isso, é essencial ensinar aos filhos como se proteger. Isso inclui:
Não falar com estranhos: Ensine seus filhos a reconhecer e evitar propostas suspeitas. Geralmente, os abusadores utilizam diálogos "doces" e promessas de recompensas para atrair menores. Por exemplo: "Se você me acompanhar, te dou um presente".
Evitar andar sozinhos à noite: Abusos frequentemente ocorrem em horários impróprios, locais escuros e na ausência de companhia. Incentive seus filhos a estarem sempre acompanhados e em lugares seguros.
Não ser curiosos: A curiosidade natural das crianças pode ser explorada pelos abusadores. Ensine-os a desconfiar de frases como "Vem comigo, eu vou te mostrar uma coisa" ou "Você viu o que aconteceu ali?". 
Lembre-se, a segurança de nossos filhos é uma prioridade constante. Prepará-los com estratégias eficazes pode fazer toda a diferença.

c) Educação e Diálogo Aberto

Conversar abertamente com as crianças sobre os perigos e sinais de abuso sexual é crucial. As crianças devem sentir que podem falar com seus pais ou responsáveis sobre qualquer situação desconfortável que enfrentem. Não sabe por onde começar o diálogo? Não se preocupe, essa insegurança é normal. Você pode utilizar recursos visuais, e isto será abordado a seguir.

d) Recursos visuais

No livro “O poder de me proteger”, Mariana Motta apresenta histórias e atividades práticas para abordar consentimento, limites corporais, sentimentos e toques seguros com o público infantil (Jornal Voz Ativa). Mariana Motta é escritora, psicóloga e orientadora educacional. Esta é uma excelente recomendação de material para crianças de 2 a 7 anos. Entreguei um exemplar à minha filha, que já tem 11 anos, e ela recebeu as instruções com carinho, lendo o livro três vezes consecutivas.
Aqui está um resumo da descrição na Amazon:
"Neste livro, as crianças aprenderão habilidades essenciais para serem agentes ativos de sua própria segurança. É crucial que, desde pequenos, nossos filhos sejam ensinados a ter uma voz clara e forte em relação aos seus direitos e saibam o que fazer quando seus direitos estão sendo violados por quem quer que seja. Dessa forma, eles terão confiança para falar e pedir ajuda sempre que necessário."
Lilian Cardoso, da LC - Agência de Comunicação, foi a orientadora de Mariana na divulgação desta importante obra. Ao ler um e-mail relacionado, tive total interesse em adquiri-lo.
Outro recurso importante é a cartilha de 8 páginas "Amo meu corpo, Amo minha vida - Pré-adolescente", da Sociedade Bíblica do Brasil. Esta cartilha oferece orientações especialmente para adolescentes, com linguagem simples e direta, e ilustrações no estilo Mangá. Para mais informações sobre esses materiais, o link está nas referências, ao final deste artigo.



 

3. Envolvimento da Comunidade

A comunidade também desempenha um papel importante na proteção das crianças. Programas de conscientização, vigilância comunitária e parcerias com autoridades locais podem ajudar a criar um ambiente mais seguro para todos. Para isso, procure seus representantes comunitários. Assim, você saberá, por experiência, quem é digno de sua confiança, pois o verdadeiro líder, não fingirá desconhecer este tema.

4. Denúncia e Apoio às Vítimas

Incentivar a denúncia de suspeitas de abuso e fornecer apoio às vítimas é essencial. Serviços de assistência social, psicológica e legal devem estar disponíveis para ajudar as crianças e suas famílias a superar o trauma. Tenha em sua agenda, no smartphone, contatos úteis para todas as situações. Muitas vezes a vítima não tem poder de ação, devido à perplexidade, necessitando da ajuda de terceiros, neste caso, quem estiver mais próximo.

5. Envolvimento de Comunidades Religiosas

O que se aplica aos bairros, aplica-se também às igrejas locais. Afinal, pregar as boas novas inclui ação. Jesus condenou os mestres da lei e os fariseus pelo discurso vazio, pois ensinavam e não praticavam (Mateus 23.2,3).
Como membros de uma igreja cristã, temos a responsabilidade de proteger os mais vulneráveis entre nós e lutar contra as injustiças que eles enfrentam. É nossa missão agir conforme os ensinamentos de Cristo, que sempre demonstrou um profundo cuidado pelas crianças e pelos oprimidos.

O que as igrejas podem fazer?

Programas Educativos: Igrejas podem organizar seminários e workshops para educar pais, professores e líderes comunitários sobre os sinais de abuso e como prevenir a exploração sexual de menores.
Materiais Informativos: Distribuir folhetos, cartilhas e livros que abordem o tema de forma clara e acessível, ajudando a comunidade a reconhecer e agir contra a exploração. A respeito dos materiais, há exemplos no tópico 2.
Serviços de Aconselhamento: Estabelecer ou apoiar centros de aconselhamento que ofereçam suporte psicológico e espiritual às vítimas de exploração sexual.
Redes de Apoio: Criar redes de apoio dentro da igreja para oferecer assistência prática, como acompanhamento a órgãos de proteção e suporte legal.
Treinamento de Líderes: Treinar pastores, professores de escola dominical e outros líderes em práticas seguras e em como responder adequadamente a relatos de abuso.
Toda a conscientização e vigilância devem ser práticas constantes das igrejas, visando cumprir o que ensinam baseados na Bíblia Sagrada. Portanto, pensem nisto: quem sabe que deve fazer o bem e não o faz comete pecado (Tiago 4.17). 

Conclusão

A luta contra o abuso sexual de crianças e adolescentes exige um esforço coletivo. Pais, educadores, comunidade e autoridades precisam trabalhar juntos para criar um ambiente seguro e protetor para nossos jovens. Com presença ativa, educação, diálogo aberto e apoio, podemos prevenir muitas situações de exploração sexual e oferecer um futuro mais seguro para nossos menores.

Referências:

Bíblia On. https://www.bibliaon.com/versiculo/tiago_4_17/

G1 - Brasil registrou 202,9 mil casos de violência sexual contra crianças e adolescentes de 2015 a 2021. https://g1.globo.com/politica/noticia/2023/05/18/brasil-registrou-2029-mil-casos-de-violencia-sexual-contra-criancas-e-adolescentes-de-2015-a-2021-diz-boletim.ghtml Acesso em: 17/07/2024

Jornal Voz Ativa. Como proteger crianças de abusos? Psicóloga publica livro com guia para pais e filhos. https://jornalvozativa.com/noticias/como-proteger-criancas-de-abusos-psicologa-publica-livro-com-guia-para-pais-e-filhos/ Acesso em: 17/07/2024

Motta, Mariana. O poder de me proteger: Aprenda com o Dudu sobre comportamentos seguros e os seus direitos. Mariana Motta.  92 p. ISBN-10: 6500535723. ISBN-13: 978-6500535723. LC editorial. 11 agosto 2022. Compre na Amazon 

SBB. Amo meu corpo Amo minha vida - Pré-adolescente. Sociedade Bíblica do Brasil. SBB; 1ª edição, 26 abril 2018. 8 p. ASIN: B07CPDKPR2. Compre na Amazon 

UNICEF - Combate ao abuso e à exploração sexual infantil. https://www.unicef.org/brazil/blog/combate-ao-abuso-e-a-exploracao-sexual-infantil Acesso em: 17/07/2024

UNICEF Brasil - Exploração de crianças. https://www.unicef.org/brazil/tópicos/exploração-de-crianças Acesso em: 17/07/2024

Samuel dos Santos Mafra

Samuel Mafra, graduado em Gestão da Tecnologia da Informação pelo Centro Universitário FAVIP WYDEN, especialista em Cibersegurança e Gestão Hospitalar. Cursando segunda graduação em Teologia pela Faculdade Estácio. Alvo: Seguir carreira em tecnologia e teologia concomitantemente, reconhecendo haver um ponto final para todas as funções terrenas (Eclesiastes 3.1,2), ao passo que a vida com Jesus Cristo jamais terá fim (João 11.25,26).

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